domingo, 9 de junho de 2013

_Não professor!!! Discordo da sua fala. Às mulheres tem sim sobressaído no mercado de trabalho! Minha diretora ganha R$ 8.000,00 mensais!
__ Quantos anos ela tem em média?
__40.
__Ela tem família ou filhos Cristiane?
__ Não. Não tem.
(não estamos aqui falando de exceções também).
Análise sociológica para um trabalho de faculdade. A sociologia fez-me bem. Ou melhor, fez-me um bem.
Aula ministrada por Danilo Martuscelli.

E foi assim, com essa simplicidade que meu mundo parou de girar por alguns minutos.

Pode parecer bobo, ou ingênuo de mais, porém, naquele exato momento eu percebi que poderia deixar muita coisa de lado, e que também mesmo deixando muita coisa de lado nada garantiria o montante acima apresentado, poderia dar certo, poderia não dar. Será mesmo que seria tão complicado levar vida familiar com a profissional? Infelizmente sim! Infelizmente. Como frisado não estamos aqui falando das exceções, não irei encaixar dados estatísticos neste texto, parece-me desnecessário, é nítido de mais. 

Mas, é assim que vem sendo. Então vamos encarar os fatos, ando meio relaxada com minhas leituras políticas sociais. Hoje o que me cabe é tentar o alto controle da não frustração, é uma dica, um conselho, algo assim para às que neste mundo de dificuldades profissionais e familiares se encontram. Para às muitas que escolheram largar tudo pelo bem profissional, meus parabéns, para às que optaram pelo convívio familiar mais intenso meus parabéns também !! E, para às que estão tentando se equilibrar em ambos dilemas...super boa sorte !!!
Porque eu também já precisei dessa super boa sorte um dia. 


Cris Predebon

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Meus amigos....
esse ano de 2mil e doce me trouxe inúmeros desafios !!!
Espero agora que as águas estão se acalmando voltar a escrever pelo menos periodicamente...

Um mundo de coisas aconteceram...
temos muito a compartilhar...
Razzões maravilhosas para um novo momento já aconteceram!
Agora é só compartilha-lar.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Será que o diferente é mesmo diferente?

A educação que deveria vir de casa está à beira da falência ?
Acredito que sim mas....
Não vou me estender ao assunto sobre de quem seria a real culpa pelo descaso que temos uns com os outros, com os diferentes: os de culturas diferentes melhor dizendo. Sim, o que é o diferente? Pode ser a minha forma de ter sido criada, que com certeza, não foi a mesma que a do meu vizinho, amigo, companheiro, estrangeiro, nordestino, sulista, do indígena e tantos outros que conheceremos e iremos conhecer no decorrer de nossa existência. Creio que, a imensa maioria ainda não compreendeu que não somos todos iguais, pois, se até mesmo nos distinguimos (nem que sejam em detalhes) de nossos irmãos de sangue, se achamos diferenças gritantes em nossos próprios familiares, por que não conseguimos ter a percepção de que, qualquer outra cultura não é não pode ser taxada como errada ou correta, a minha, a sua, a do vizinho, do amigo, dos nossos companheiros, dos estrangeiros, dos nordestinos e como já citei a cima, de tantos outros que iremos conhecer. O simples entendimento que o “diferente” não é superior nem inferior aos nossos valores e costumes, creio que, em partes amenizaria tantos atos de violência, seja ela física, psicológica, preconceituosa, e tantas outras formas de violência que inundam nossas vidas, direta ou indiretamente. Roberto DaMatta, antropólogo de renome, relata impecavelmente em seu livro Relativizando, a idéia que me fez postar este texto. “A Antropologia Social autentica só pode acontecer quando estamos plenamente convencidos da nossa ignorância. É claro que devemos defender os direitos das nossas populações tribais. É evidente que devemos chamar atenção e denunciar as injustiças contra elas. Mas isso não deve ser feito em nome de uma atitude condescendente, superior, como se eles fossem uma espécie da humanidade em extinção, liquidada por seu  próprio atraso cultural. Como se eles fossem animais de estimação como o bisão ou o elefante, que nós temos a obrigação estética de defender e proteger. Nada disso. Nosso estudo e nossa atenção para com as sociedades tribais de estar fundada na troca igualitária de experiências humanas. No fato, como já disse, que podemos realmente aprender e nos civilizar com elas. É precisamente essa experiência genuinamente humana e equivalente que a Antropologia decidiu recuperar. E é ela que deve ser o centro da motivação ideológica a nos conduzir no sentido da denúncia de todas as injustiças contra os índios e todas as minorias oprimidas.” DaMatta, pg. 13.
Com isso façamos uma reflexão simples: - Será que, ao alimentarmos os valores de uma criança, quando a formação de idéias mundanas é crucial, caberia dar mais atenção a esse "pequeno detalhe" do respeito para com as "diferenças"?  Eu acredito que sim.
Cris Predebon Welter.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Civitas
"É certo que há algumas criaturas vivas, como as abelhas e as formigas, que vivem sociavelmente umas com as outras (...). Assim, talvez haja alguém interessado em sabre por que a humanidade não pode fazer o mesmo. Ao que tenho a responder o seguinte. Primeiro, que os homens estão constantementes envolvidos numa competição pela honra e pela dignidade (...), e é devido a isso que surgem entre os homens a inveja e o ódio(...). Segundo que entre essas criaturas não há diferença entre bem comum e o bem individual e, dado que por natureza tendem para o bem individual, acabam por promover o bem comum. Mas o homem só encontra felicidade na comparação com os outros homens, e só pode tirar prazer do que é eminente. (...). Quinto, as criaturas irracionais são incapazes de distinguir entre injúria e dano, e consequentemente basta que estejam satisfeitas para nunca se ofenderem com seu semelhante. Ao passo que o homem é tanto mais implicativo quanto mais satisfeito  se sente (...). Por último, o acordo vigente entre essas criaturas é natural, ao passo que os dos homens surge apenas através de um pacto, isto é, artificialmente. Por tanto não é de admirar que seja necessária alguma coisa mais, além de um pacto, para tornar constante e duradouro seu acordo: ou seja um poder comum, que os mantenha em respeito, e que dirija suas ações no sentido do beneficio comum.(...)....de modo que é como se cada homem dissesse a cada homem: Cedo e transfiro meu direito de governar-me a mim mesmo a este homem, ou na esta assembléia de homens, como a condição de transferires a ele teu direito, autorizando de maneira semelhante todas as suas ações. Feito isto, à multidão assim unida numa só pessoa se chama Estado, em latim civitas." -  Hobbes, pg 109.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Razões

"Fortes razões, fazem fortes ações."
Shakespeare.

Estamira

      Uma vida de maus tratos, humilhações, perdas irreparáveis, levou uma mulher a viver sua esquizofrenia em um lixão no Rio de Janeiro, capital da beleza, do turismo, de poetas, compositores e políticos.
      Sessenta e três anos, molestada pelo avô quando criança, viveu em bordel, lugar também onde encontrou seu companheiro, levou uma vida de traições por ele, viu a mãe ser internada em manicômio, estuprada foi.
      Em sua loucura ela fala verdades incontestáveis, enxerga o que muitos não conseguem, diz que o “além vai muito mais além”, diante disso, nos sentimos um tanto ignorantes.  Será que sabemos o suficiente para vivermos em uma sociedade? Frente a história dessa mulher, a  idéia do mundo de fantasias se intensifica.
      São milhares, o mundo está repleto de Estamiras, em Chapecó existe um, que, ao contrário dela, não tem nem barraco para morar.  Ele tem um cachorro, que parece guiá-lo, nos alivia  vê-lo com o cão, nos faz crer ser mais um grande amigo do que um simples animal, já que ele não é de estimação, ele é mais que isso, é seu seguro, o único que parece compreendê-lo, o único que não o vê com tristeza. Não desprezando o sofrimento de ninguém, não sofremos mais ou menos que os outros, todos temos misérias e alegrias.
      O problema é quando temos que conviver ou nos depararmos com pessoas que acreditam que miséria é pobreza de bens materiais, de grau escolar, quando a miséria mais triste, e de difícil cura, é aquela que carregamos em nosso intimo. Todos temos nossas misérias, e elas se manifestam, geralmente, na oportunidade de ajudarmos o próximo e não o fazermos, quando julgamos sem antes nos julgarmos, quando ostentamos (principalmente quando nada temos). Essa miséria é triste, mais triste é acharmos que somos livres dela.
      Estamira é a realidade cruel de uma civilização criada para o “ter”, “ser”, essa sociedade não olha, é educada a não se importar, a rejeitar a ferida latente distribuída em pontos “afastados” ou “escondidos”, nas cidades e nos campos. O modelo econômico afasta suas mazelas, sucumbe os loucos em seus noticiários banalizados, manipulados. Quando entre tantos filmes exibidos nas grandes redes televisivas foi ao ar documentários como o de Estamira?  Quando a população em geral teve a oportunidade de enxergar o que realmente se passa com os “loucos” dos lixões, das minas carvoeiras, dos becos, das tribos indígenas hoje rejeitadas e ainda humilhadas por uma colonização de exploração?  A forma em sua maioria incorreta de tratar as feridas (incorreta pois banaliza) é não dar tempo para  reflexão, não há reflexão, o que há é logo após um retrato  de pobreza, ou morte, uma cena de futebol, um recorte da novela, um novo carro, e assim, sem mais nem menos, nada se afirma sobre os fatos tocantes e carentes, carentes de atenção, eles se perdem em meio ao mundo de fantasias. Perdemos o senso critico, a massa é levada como onda do mar, para um lado e outro, sem se dar conta de que muitos vivem o mundo de Estamira.
Cris Predebon Welter.