quarta-feira, 22 de junho de 2011

Será que o diferente é mesmo diferente?

A educação que deveria vir de casa está à beira da falência ?
Acredito que sim mas....
Não vou me estender ao assunto sobre de quem seria a real culpa pelo descaso que temos uns com os outros, com os diferentes: os de culturas diferentes melhor dizendo. Sim, o que é o diferente? Pode ser a minha forma de ter sido criada, que com certeza, não foi a mesma que a do meu vizinho, amigo, companheiro, estrangeiro, nordestino, sulista, do indígena e tantos outros que conheceremos e iremos conhecer no decorrer de nossa existência. Creio que, a imensa maioria ainda não compreendeu que não somos todos iguais, pois, se até mesmo nos distinguimos (nem que sejam em detalhes) de nossos irmãos de sangue, se achamos diferenças gritantes em nossos próprios familiares, por que não conseguimos ter a percepção de que, qualquer outra cultura não é não pode ser taxada como errada ou correta, a minha, a sua, a do vizinho, do amigo, dos nossos companheiros, dos estrangeiros, dos nordestinos e como já citei a cima, de tantos outros que iremos conhecer. O simples entendimento que o “diferente” não é superior nem inferior aos nossos valores e costumes, creio que, em partes amenizaria tantos atos de violência, seja ela física, psicológica, preconceituosa, e tantas outras formas de violência que inundam nossas vidas, direta ou indiretamente. Roberto DaMatta, antropólogo de renome, relata impecavelmente em seu livro Relativizando, a idéia que me fez postar este texto. “A Antropologia Social autentica só pode acontecer quando estamos plenamente convencidos da nossa ignorância. É claro que devemos defender os direitos das nossas populações tribais. É evidente que devemos chamar atenção e denunciar as injustiças contra elas. Mas isso não deve ser feito em nome de uma atitude condescendente, superior, como se eles fossem uma espécie da humanidade em extinção, liquidada por seu  próprio atraso cultural. Como se eles fossem animais de estimação como o bisão ou o elefante, que nós temos a obrigação estética de defender e proteger. Nada disso. Nosso estudo e nossa atenção para com as sociedades tribais de estar fundada na troca igualitária de experiências humanas. No fato, como já disse, que podemos realmente aprender e nos civilizar com elas. É precisamente essa experiência genuinamente humana e equivalente que a Antropologia decidiu recuperar. E é ela que deve ser o centro da motivação ideológica a nos conduzir no sentido da denúncia de todas as injustiças contra os índios e todas as minorias oprimidas.” DaMatta, pg. 13.
Com isso façamos uma reflexão simples: - Será que, ao alimentarmos os valores de uma criança, quando a formação de idéias mundanas é crucial, caberia dar mais atenção a esse "pequeno detalhe" do respeito para com as "diferenças"?  Eu acredito que sim.
Cris Predebon Welter.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Civitas
"É certo que há algumas criaturas vivas, como as abelhas e as formigas, que vivem sociavelmente umas com as outras (...). Assim, talvez haja alguém interessado em sabre por que a humanidade não pode fazer o mesmo. Ao que tenho a responder o seguinte. Primeiro, que os homens estão constantementes envolvidos numa competição pela honra e pela dignidade (...), e é devido a isso que surgem entre os homens a inveja e o ódio(...). Segundo que entre essas criaturas não há diferença entre bem comum e o bem individual e, dado que por natureza tendem para o bem individual, acabam por promover o bem comum. Mas o homem só encontra felicidade na comparação com os outros homens, e só pode tirar prazer do que é eminente. (...). Quinto, as criaturas irracionais são incapazes de distinguir entre injúria e dano, e consequentemente basta que estejam satisfeitas para nunca se ofenderem com seu semelhante. Ao passo que o homem é tanto mais implicativo quanto mais satisfeito  se sente (...). Por último, o acordo vigente entre essas criaturas é natural, ao passo que os dos homens surge apenas através de um pacto, isto é, artificialmente. Por tanto não é de admirar que seja necessária alguma coisa mais, além de um pacto, para tornar constante e duradouro seu acordo: ou seja um poder comum, que os mantenha em respeito, e que dirija suas ações no sentido do beneficio comum.(...)....de modo que é como se cada homem dissesse a cada homem: Cedo e transfiro meu direito de governar-me a mim mesmo a este homem, ou na esta assembléia de homens, como a condição de transferires a ele teu direito, autorizando de maneira semelhante todas as suas ações. Feito isto, à multidão assim unida numa só pessoa se chama Estado, em latim civitas." -  Hobbes, pg 109.